quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

DISCO - Série Música Brasileira Vol. 1 - CODÓ (1984)

Capa do disco - Série Música Brasileira Vol. 1 - Codó.

C A N O E I R O

Foi com alegria que decidimos inaugurar a série música brasileira trazendo a voz e o talento de Codó, uma figura marcante e de expressão para a MPB. Foi com alegria, também, que Codó recebeu, no dia 12 de Janeiro, em sua casa, a primeira prova da capa do disco que gravou para nós. 

Feliz, Codó gostou de ver seu rosto na capa, num sorriso ingênuo de pescador, tirando do som do seu violão as cores do arco-iris.

Feliz, gostou de ver os filhos Nalvinha e Carlos juntos nesse seu trabalho.

Na reta final, porém, quando já estávamos prontos para os últimos retoques, chega-nos a notícia, no dia 25 de janeiro: morreu Codó. Prestar alguma homenagem a Codó significou, para nós, a finalização deste disco, acrescida de depoimentos de alguns dos seus amigos e admiradores mais próximos.

estão aqui, portanto, as últimas gravações de Clodoaldo Brito, o Codó da Bahia.

Com elas, o nosso reconhecimento a esse grande compositor e violonista brasileiro.

Glasurite do Brasil.


Música Brasileira

A Glasurit do Brasil, produtora há 32 anos de tintas e produtos correlatos para a indústria em geral, a construção civil e a indústria automobilística, sempre se preocupou em complementar suas atividades industriais e comerciais participando da vida brasileira de uma forma mais ampla, envolvendo-se em atividades culturais, sociais e esportivas.

Dando continuidade a este programa a Glasurit está iniciando seu projeto de Disco de Cultura  – Música Brasileira, projeto este que vai procurar mostrar obras inéditas de compositores brasileiros.
O volume 1 da série Música Brasileira apresenta obras do compositor, cantor e violonista Clodoaldo Brito, Codó.

Codó, 70 anos completados em 18 de Setembro último, é bastante conhecido principalmente na Bahia, onde nasceu, e no Rio de Janeiro, onde reside atualmente.

Sempre se apresentou em shows ao lado de artistas de renome como, por exemplo, Nelson cavaquinho, Ciro Monteiro, Chico Alves, Vicente Celestino e suas músicas foram gravadas por vários artistas tanto no Brasil como no Exterior.

Este disco, que contou com as participações de Carlos e Nalvinha, filhos de Codó, além de mais de uma dezena de músicos de primeiro escalão, foi gravado em Setembro e Outubro deste ano e lançado, oficialmente, em Novembro na cidade do Recife, Pernambuco, local escolhido em função de sua representatividade em termos de cultura brasileira.

Cabe aqui um agradecimento a todos aqueles que, de alguma forma, colaboraram para a execução desta obra: aos músicos, ao Nosso Estúdio e, em especial, a Rogério Duprat, responsável pelos arranjos de todas as faixas e a Capinam, por ter tido a (feliz) idéia de indicar o nome de Codó para abrir essa série.

São Paulo, Dezembro de 1983.
Glasurit do Brasil Ltda.


Clodoaldo Brito - Codó (1983).
Codó

Repórter dia-a-dia do povo, compositor de fôlego e, acima de tudo, um romântico. Assim é Clodoaldo de Brito – Codó, baiano de arraial de Cairú de Salinas das Margaridas, onde nasceu em 18 de Setembro de 1913, o mesmo ano em que nasceram dois monstros sagrados da cultura popular brasileira, Ciro Monteiro e Vinicius de Morais.

Antes de ser músico foi pescador e o seu primeiro instrumento foi uma viola que ele mesmo fez aos nove anos com tábuas de caixote de querosene e cordas de piaçava.

Aos 10 anos aprendeu cavaquinho e com 17 animava as festinhas de sua cidade.

Músico já conhecido na Bahia, nos anos 30, começou a trabalhar em rádio, em Salvador: rádio comercial, rádio clube, onde conheceu Caymi, e rádio sociedade, onde era ouvido por Caetano, Gil, Antônio Carlos e Jocafi, influenciando, de alguma forma, a música dos baianos.

Em 1951, lançou “Zum, Zum” (zum, zum, zum, capoeira mata um...), gravado por Vanja Orico no Brasil e, logo em seguida na Alemanha.

Ainda em 1951, compôs “Iaiá de Bahia” feita especialmente para o filme argentino Maria Madalena e posteriormente gravada por Aracy Costa.

Suas músicas de maior sucesso, ale de “Zum, zum” são “Taiti”, gravada por Rosinha de Valença na Alemanha, e “Tim dom dom”, que Jorge Bem tornou famosa e que faz parte do LP Brasil 66 de Sérgio Mendes e, hoje, com mais de 40 gravações em todo o mundo. Aliás, essa música, feita em parceria com João Mello, chegou ao terceiro lugar no “Hit-Parade” americano na época de seu lançamento.

Ao todo Codó possui mais de 90 músicas gravadas no Brasil por Jorge Bem, Nara Leão, Sérgio Mendes e Elizeth Cardoso, entre outros e gravou, ele próprio oito LPs e compactos, sempre ao lado de músicos renomados e cantores de primeira linha.

Este LP não poderia fugir a regra a seu lado estão o ótimo violão de Carlinhos Codó, músico, professor de violão, arranjador, e a bela voz de Nalvinha, dois de seus filhos, sem contar o verdadeiro esquadrão de músicos que os acompanham.

Este é Codó, compositor, músico, arranjador, cantor, cantador e encantador. Um artista completo, dono de uma sensibilidade forte e marcante.

É com essa sensibilidade que mostra através de sua arte, toda a grandeza de sua alma.


Codó da Bahia...

Pinta logo a imagem folclórica do cantador das praias ou sertões baianos, cheirando a peixe e suor, com suas canções primitivas e outras idiossincrasias.

Nada disso. Codó é o homem da cancha, da tarimba. Músico experiente, calejado pelo trabalho profissional do rádio e nas rodas musicais da Bahia e do Rio. Embora portador de uma deliciosa voz de cantador, ainda agora aos 70 anos (como a gente pode sentir no “Canoeiro”), o que Codó é mesmo é um tremendo de um instrumentista. Bate um violão solo, que as vezes parece até cavaquinho ou bandolim, com tranqüilidade e agilidade incríveis, de deixar qualquer garotão de boca aberta.

Como criador, esquadrinha quase todas as formas populares que viveu. O que é mais apreciável no Codó é essa capacidade de diversificação, fruto de sua rica experiência de músico profissional. Este disco é, de fato, uma amostra desse seu jeito fácil de inventar em cima de todas as modalidades de música do seu país. Não se trata de um músico regional e repetitivo, amarrando aos cacoetes e limitações de um único jeito de fazer música. Codó entende e aplica o rebolado de todas as músicas, com dignidade e talento espantosos. Valsas, Choros, canções, sambas, cantos praieiros. Enfrenta tudo. E todo com a mesmo correção, sacando os caminhos peculiares a cada forma, estilo, quebrada, jogo de cintura. Fato raro, mesmo em músicos da qualidade dele: Exibe sua aprimorada execução de virtuose sem exibicionismo. Vale dizer: Mostra uma técnica sofisticada, em passagens de grande dificuldade, sem que a gente perceba, como se estivesse tomando um copo d’água. Ou desfiando seu tranqüilo papo, em que conta pra gente suas experiências de vida e de músico.

Trabalho com Codó não é trabalho, é divertimento.

Rogério Duprat (1984). 

Músicas

Lado A

1 Canoeiro  (Codó)

2 Balanço na hora  (Nalvinha)

3 Carnabahia  (Carlos Codó)

4 Fim de carnaval  (Codó)

Vem ver  (Codó)

Lado B

1  Ó Bahia  (Codó)

2 Abraçando Sivuca  (Codó)

3  Sem ele notar  (Nalvinha)

4  Cutuba  (Codó)

5  Puladinho  (Codó)



Ficha-Técnica

Arranjos: Rogério Duprat
Carlos Codó - filho de Codó (1983).

Coordenação de Produção e Direção Musical: Antrópica Produções Ltda.
Técnicos de Gravação e Mixagem: Marcus Vinicius e Wilson
Assistente de estúdio: Ronaldo

Codó: Voz – A1, B1; VIOLÃO SOLO – A1, A2, A4, A5, B1, B2, B4, B5.
Nalvinha: voz – A3, B3; vocal – A1, B1.
Carlos Codó: voz – A3; vocal – A1, B1; violão – A2, A4, A5, B1, B3, B4, B5.
Heraldo do Monte: guitarra – A3, B5; cavaquinho – B2, B4.
Roatã: baixo elétrico – A1, A2, A3, A4, A5, B1, B3, B4, B5.
Alaor: bateria – A1, A2, B1, B2, B3, B4, B5.
Carlinhos Bala: bateria – A3, A5.
Nalvinha - filha de Codó (1983).

Ruriá: piano acústico – B3; piano elétrico – A1, A2, A4, B4.
Papete: percussão – A1, B1, B2, B4.
Bolão: sax tenor – A3, A5, B5; flauta – A2, B3; clarinete – B2, B4.
Paiolete: trompete – A3, A5, B5.
Feloudo: trompete – A3, A5, B5.
Bio: trombone – A3, A5, B5.
Alejandro Ramirez: violino – A1, A4, B1.
Altamir Salinas: violino - A1, A4, B1.
Ezio dal Pino: violoncelo - A1, A4, B1.
Gilberto Massambani - A1, A4, B1.

Série Discos de Cultura Glasurit
Edição de Assessoria de Comunicação da Glasurit do Brasil Ltda.

Coordenação Editorial: Ricardo Botelho
Coordenação Executiva: Jaime Moreira
Coordenação de Produção de capa: Ivo de Alencar.

Este disco foi gravado em 24 canais no Nosso estúdio, São Paulo, em Setembro de 1983.

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